26.2.11

MATRIZ ENERGÉTICA, LIMPA NEM TANTO



Muito elogia-se o Brasil pelo mundo afora quando o assunto é energia limpa e renovável. A matriz energética brasileira utiliza 45% de energia renovável, 15% hídrica e o restante de biomassa. A forte dependência em biomassa mostra como somos ligados à forma simples e antiga para gerar energia, queimando lenha e o que encontrasse pela frente. Enquanto os países desenvolvidos possuem aproximadamente 14% de energia renovável. É bom dizer que o uso do petróleo e derivados é praticamente o mesmo lá e cá, em torno de 37%.
Entretanto se colocarmos uma lupa nesta matriz o quesito energia limpa fica a desejar. Grande parte da biomassa energética é produzida comercialmente: a lenha, que transformada em carvão vegetal é usada na siderurgia e a cana de açúcar usada na produção de açúcar, álcool combustível e energia elétrica. Estes dois elementos lenha e cana de açúcar já são suficientes para uma análise crítica ambiental.
O primeiro porque estimula o desmatamento, libera CO2, precisa ser extremamente controlado. A cana é retirada com queimadas liberando não só o monóxido de carbono, mas também elementos tóxicos vindos dos agrotóxicos e fertilizantes. Se olharmos mais a fundo nas plantações de cana veremos que não são respeitados vários pontos do Código Florestal, tornando-se danoso ao meio ambiente. Ao observar os trabalhadores envolvidos na extração destas matérias primas estão subjugados à forma de relação oprimida, poucas possibilidades de ter uma boa saúde, pouca educação, pouca segurança.
Portanto, será tão limpa assim?
Se pensarmos na fonte hídrica não ficaremos tão distante. Recentemente, saiu um estudo na UFBA mostrando que os reservatórios das usinas também liberam gases nocivos pois há decomposição orgânica no fundo. Geralmente é necessário inundar enormes áreas comprometendo a biodiversidade local, a dinâmica do ecossistema, sua metabolização e eliminação da fauna e flora. Também não me parece tão limpo assim.
O que nos resta? Investir em novas tecnologias: eólica e solar.






Imagem: ABIODisel

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